A linguagem é a principal forma de expressão que permite a relação entre as pessoas e o seu desenvolvimento depende de uma diversidade de variáveis, como: integridade anatomofisiológica, maturação do Sistema Nervoso Central, aspectos emocionais e sociais, entre outros.
Tratando-se de um assunto bastante instigante e abrangente, a linguagem deve ser considerada no seu caráter social e dialógico, ou seja, na habilidade de usá-la de maneira apropriada aos diferentes contextos e interlocutores, para que ocorra uma comunicação efetiva.
Embora não exista uma teoria que explique satisfatoriamente como as crianças adquirem a linguagem e haja variabilidade na aquisição da linguagem de cada uma delas, é possível afirmar que existe uma sequência cronológica semelhante de desenvolvimento para todas, na qual é possível descrever fases evolutivas e observar um domínio crescente das habilidades cognitivas e comunicativas quando comparadas diferentes faixa etárias.
Partindo desse pressuposto, podemos entender que a ausência de linguagem dentro dos limites cronológicos esperados ou um processo de aquisição muito lento e dificultoso podem indicar problemas no desenvolvimento da criança.
Tem sido bastante comum encontrarmos crianças que são encaminhadas para um exame fonoaudiológico somente após completarem três ou quatro anos de idade, mesmo apresentando evidente atraso no desenvolvimento de sua comunicação.
Isso ocorre porque existe uma certa crença (infelizmente muito difundida) de que não devemos nos preocupar se uma criança não começar a falar na idade esperada, porque é normal que muitas delas venham a fazê-lo somente mais tarde.
“Conselhos” ou “orientações” deste tipo, embora aparentemente possam tranquilizar os familiares, em geral acabam por adiar ou retardar a busca de procedimentos mais adequados. Embora muitos casos de atraso de aquisição da linguagem, por serem problemas leves, possam ser sanados com certa facilidade, também é verdade que boa parte deles pode estar revelando alterações mais graves do desenvolvimento da criança.
Qualquer que seja a situação, quer frente a atrasos simples da linguagem quer frente a atrasos mais severos, o fonoaudiólogo é o profissional indicado para realizar um estudo evolutivo da criança.
Boa parte dos problemas que alteram o curso evolutivo da linguagem poderiam ser resolvidos caso estes fossem prontamente detectados e tratados de modo conveniente. Por outro lado, outra parte de tais distúrbios, pelas suas características e gravidade, não pode ser resolvida a curto prazo. Porém, a intervenção precoce tem se mostrado efetiva no sentido de amenizar as consequências ou prejuízos destas alterações.
Alterações de linguagem em crianças pequenas representam um dos principais fatores de risco para futuros problemas de aprendizagem, e problemas desta ordem podem muitas vezes repercutir na evolução futura da criança com importantes consequências em termos educacionais, mesmo quando os níveis de desenvolvimento da inteligência e da capacidade receptiva estão normais.
O primeiro passo no processo de identificação de crianças com distúrbios de comunicação é o encaminhamento para uma avaliação pelo fonoaudiólogo, para que desta forma ocorra o estabelecimento de um diagnóstico fonoaudiológico, além do oferecimento de programas de intervenção precoce, necessários para limitar os efeitos negativos dos distúrbios de fala e linguagem como o impacto na sua vida acadêmica e também nas relações sociais.
O fonoaudiólogo, na realização de uma avaliação especializada, irá lançar mão de protocolos de avaliação e instrumentos que possibilitam, através da observação da maneira como a criança explora os objetos e interage com o outro, compreender e analisar o seu desenvolvimento quanto aos aspectos comunicativos, interacionais e cognitivos, permitindo que orientações específicas e competentes sejam oferecidas aos pais, professores e/ou cuidadores.
Conclusão:
– Crianças apresentando um bom desenvolvimento adquirem linguagem no decorrer do segundo ano de vida;
– Ausência ou evolução alterada da linguagem podem ser indícios de problemas significativos no desenvolvimento das funções nervosas superiores;
– Crianças apresentando distúrbios importantes podem ser diagnosticadas muito cedo, desde que sejam consideradas características gerais de seu desenvolvimento;
– Quando houver suspeita de algum problema, não se deve deixá-lo ao sabor do tempo. É necessário encaminhar a criança a um especialista, no caso, o fonoaudiólogo.
Colaboração:
Dra. Carla Geraldi (CRFa 2-6464)
Especialista em:
Fonoaudiologia
1 Comentário
Ótimo trabalho!
Após perder muito tempo na internet encontrei esse blog
que tinha o que tanto procurava.
Gostei muito.
Meu muito obrigado!!!